Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente .
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
P.S: Este post é para relembrar a memória do Mestre dos Mestres da Poesia portuguesa, Fernando Pessoa, no dia em que se celebra o 70º aniversáio da sua morte.
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