domingo, março 20, 2011

José Socrates

Nunca gostei dele desde o inicio...Passou 6 anos, tivemos os casos Freeport, Face Oculta, licenciatura na Universidade Independente, Caso da Cova da Beira, Caso BCP: Armando Vara, caso António Morais, Professor na Universidade Independente, dono da Consultora do concurso da Cova da Beira e quem contratou a brasileira chefe da logistica...O que dizer desta figura que nos levou ao abismo em 6 anos...O Vale e Azevedo enganou o Benfica por 2 anos este já vai em 6...Todos nós somos estúpidos ele é o esperto...

quinta-feira, março 10, 2011

Agressão de Bellushi a Duarte Gomes

Os Jogos em Braga revelam bem como foi este campeonato da falsidade desportiva:
- Braga-Porto Jornada 19, Bellushi agride o árbitro Duarte Gomes por 2 vezes e recebe cartão amarelo.
- Braga-Benfica 22ªJornada Javi Garcia recebe uma entrada dura de Alan, tenta agredi-lo e recebe cartão vermelho.

Agressão de Bellushi a Duarte Gomes SC Braga 0 FC Porto 2 Jornada 19

http://www.youtube.com/watch?v=G_aeg4g11Rw

domingo, janeiro 23, 2011

Coelho ao Poleiro

Para quem não sabe ler resultados de eleições, eu explico: Coelho teve cerca de 400.000 votos. Diziam que nem 7500 havia de conseguir (equivalente às assinaturas que recolheu). É uma votação que nem o Garcia Pereira conseguiu alguma vez ter. É igualmente uma votação que permite a eleição de cerca de 5 deputados numas eleições legislativas. Na Madeira, Coelho obteve 38% dos votos contra 47% de Cavaco. A mensagem aos políticos tradicionais está dada, o povo não se vai deixar enganar e roubar muito mais tempo.

terça-feira, janeiro 11, 2011

O GRANDE' MÁRIO SOARES !!!

Artigo de Clara Ferreira Alves:

O GRANDE' MÁRIO SOARES !!!

Tudo o que aqui relato é verdade. Se quiserem, podem processar-me.

Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que
ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana,
para a voz da rua.

A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira
politica. A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom
par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.

A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma "brilhante" que se viu o
processo de descolonização.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos
financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.

A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua
experiència governativa.

A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como
Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.

A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os "dossiers"..

A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois
de tão fantástico desempenho no cargo.

A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha
Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e
vencer as eleições presidenciais.

A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um
grupo empresarial, a Emaudio, com "testas de ferro" no comando e um
conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas
internacionais.

A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua
segunda campanha presidencial.

A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos
Melancia, um dos homens da Emaudio.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso
Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma
Fundação na sua fase pós-presidencial.

A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, "Contos
Proibidos", que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse
mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume as "ligações perigosas" com
Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre
acidente de avião na Jamba (avião esse transportando de diamantes, no
dizer do então Ministro da Comunicação Social de Angola).

A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar
57 países ("record" absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França -
21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil
quilómetros).

A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de
grande importância estratégica para Portugal, aproveitando para dar
uma voltinha de tartaruga.

A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a
Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes
oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.

A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte
blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da
Republica.

A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de
vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo
Grande.

A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica,
constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado,
que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única
função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os
mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.

A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação
violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a
nulidade da licença de obras.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas
construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal
fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer
convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.

A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos
anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de
quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um
auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara
de Lisboa.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção
anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador
e Presidente.

A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse
um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República,
na... Fundação Mário Soares.

A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares
receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.

A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade
da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente
era... João Soares.

A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o
director do "Público", José Manuel Fernandes, a investigação
jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.

A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento
Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole
Fontaine.

A lucidez que lhe permitiu considerar Jose Sócrates "o pior do
guterrismo" e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.

A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre,
para concorrer às eleições presidenciais mais uma vez.

A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido
Socialista.

A lucidez que lhe permitiu ler os artigos "O Polvo" de Joaquim Vieira
na "Grande Reportagem", baseados no livro de Rui Mateus, e assistir,
logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no
filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.

No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um
punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai.
Vai.... e não volta mais.

Clara Ferreira Alves

sábado, fevereiro 13, 2010

José Sócrates no país dos inimputáveis

Perante aquilo que foi revelado na última sexta-feira pelo semanário ‘Sol’, José Sócrates só tinha duas opções minimamente dignas: ou desmentia de imediato tudo o que ali estava escrito ou apresentava nessa mesma tarde a demissão. Infelizmente, a dignidade não costuma receber muitas visitas do primeiro-ministro. Por isso, Sócrates preferiu zurzir contra o jornalismo de "buraco de fechadura", em mais uma actuação digna do Óscar da cara-de-pau.
Convém que as pessoas ponham na cabeça que já estamos muito para além de qualquer combate ideológico, de qualquer braço-de-ferro entre esquerda e direita. Continuar, neste momento, a defender a actuação do primeiro-ministro perante revelações daquela dimensão não é simplesmente uma divergência de opinião – é uma obscenidade, que não se pode desculpar pela partilha de um cartão cor-de-rosa ou pela devoção a vozes autoritárias e cabelos grisalhos.
Daniel Oliveira escreveu no ‘Expresso’ que "a divulgação de informação sobre escutas telefónicas que não foram usadas pela justiça é um insulto aos direitos cívicos". Não, Daniel: o que é um insulto aos direitos cívicos é um procurador-geral da República ser confrontado com indícios daquela gravidade e entender que não há nada para investigar. Insulto aos direitos cívicos é ver a política e a justiça enroladas na mesma cama. Insulto aos direitos cívicos e à nossa democracia é José Sócrates e Pinto Monteiro continuarem alegremente nos seus cargos, como se fossem dois inimputáveis dispensados de apresentar contas ao país


Por João Miguel Tavares

terça-feira, setembro 01, 2009

A entrevista explosiva de Sérgio Conceição

Foi um telefonema desconcertante. Sérgio Conceição fala como joga. Não admite traições, à pátria e a si próprio. Quando o i lhe telefonou, só queria fazer 11 perguntas sobre os 11 anos de carreira no estrangeiro, iniciados a 29 de Agosto de 1998, pela Lazio, mas Sérgio falou, pelos cotovelos e pôs os pontos no i.
Faz hoje 11 anos que se estreou no estrangeiro. Qual a diferença de 1998 para 2009?
Já foi há tanto tempo, mas não senti o tempo passar. Ou seja, sei que foram 11 anos e também sei que os aproveitei bem. Estive em grandes equipas. E a estreia ninguém esquece, não é? Foi pela Lazio, em Turim, e marquei o golo da vitória [2-1] sobre a Juventus aos 90'+3. Naquela altura, a Supertaça decidia-se no estádio da equipa campeã. A Juventus, nesse caso. Está a ver? Uma diferença de 1998 para 2009: este ano, a Supertaça italiana jogou-se fora de Itália, em Pequim.
Foi o herói do jogo mas a imprensa italiana trocou o seu nome...
É verdade! Entre Sérgio e Flávio Conceição, vai uma grande diferença. Eu sou português, ele brasileiro. Eu jogava em Itália, ele em Espanha [Deportivo]. No dia seguinte, quando li isso, fiquei... Imagina? Mas demonstrei o meu valor aos italianos ao longo dos tempos. Na Lazio, fui campeão nacional, levantei a Taça das Taças. Joguei no Inter, o que por si só já é uma vitória, e também no Parma, que ficou em segundo lugar naquele ano [2000-01]. Sou Sérgio e eles [jornalistas] já sabem disso, à conta de vitórias.
Naquela altura, em 1998, trocou o Porto por Roma. Sentiu a diferença?
Muito, muito, muito. Foi difícil. Não a adaptação à língua, à comida, ao país e aos costumes. Foi difícil sair do núcleo do FC Porto, onde tudo é uma família, que comia junta, pelo menos uma vez por semana. Quando cheguei à Lazio, percebi logo que o ambiente era mais frio. Era cada um por si. Atenção que isto não é uma crítica. É normal em toda a parte do mundo - e já andei por muitos clubes [Lazio, Inter, Parma, Standard, Al Qadisiya e PAOK]. A família do FC Porto é que é diferente, para melhor.
Escolha onze jogadores com quem jogou no estrangeiro. Comecemos pela baliza.
[sem hesitar] Buffon. Convivi com ele um só ano no Parma e deu para perceber a qualidade futebolística e humana. Comparo-o ao Baía. Sabe o que tinha o Buffon dentro do cacifo no Parma? Nem vai acreditar! Um poster dos adeptos do Carrarese, o clube da sua terra [Carrara]. Ia ver os jogos deles nas folgas.
Na defesa.
Na direita, Zanetti, il capitano do Inter. Que classe, dentro e fora do campo. No meio, Cannavaro e Nesta. Fui companheiro deles no Parma e na Lazio, respectivamente. A Itália concorda com esta dupla. Na esquerda, quem há-de ser? Quem há--de ser? Meta aí o Córdoba [central colombiano do Inter]. É boa gente. Atenção: Thuram [Parma] é suplente.
E os três do meio-campo?
Outra pergunta difícil. Matías Almeyda, o argentino. Fomos juntos da Lazio para o Parma, em 2000. Depois, o Roberto Mancini, que jogou comigo na Lazio e até chegou a ser meu treinador, e o Verón, também da Lazio. Deste meio-campo, só o Almeyda é boa gente. Mancini era sensacional mas nunca gostei dele. Tinha cá umas manias... Ao Verón também ninguém lhe ensinava nada, mas não era boa onda. Um filósofo, bem-falante, mas nada bom companheiro. Desses três, dois não prestam para nada e só jantaria com o Almeyda. No banco, Seedorf e Pirlo [ambos Inter, hoje ambos Milan].
Falta o ataque.
Escolho Vieri, Ronaldo Fenómeno e Boksic, que andava sempre lesionado mas quando jogava, vai lá vai. Tinha cá uma força. Deixo de fora, Adriano, Salas, Crespo...
E quem treinaria esta equipa?
Tive tantos bons. Cúper, responsável pela minha chegada ao Inter, Malesani, Sacchi. Escolho o Sacchi, que treinou o Parma, por tudo aquilo que representa para o futebol mundial, por tudo aquilo que ainda é para os italianos. É o Sacchi, definitivamente.
E o Eriksson?
Sim, pensei nele. É um gentleman. Mas prefiro o Sacchi. Com Eriksson, joguei a época inteira e fui suplente na final da Taça das Taças. Sabe porquê? Porque ele gostava muito do Mancini e este andava quase de braço dado com o Mihajlovic, ao ponto de ter sido seu adjunto no Inter. Ora, o Mihajlovic era o melhor amigo do Stankovic, agora no Inter. Nessa final, adivinhe quem jogou? Stankovic, pois claro! Eu, banco! Eriksson é um gentleman mas não alinho com pessoas que fazem panelinha com os outros. É igual ao Scolari.
Então?
Agora, não tenho tempo para isso.
Para isso, o quê?
Para o Scolari. Se lhe contasse coisas sobre ele, nunca mais saía daqui.
Diga só uma, então.
Só uma? Não posso! Não consigo! Como é que vou falar de um homem que chegou a Portugal, saiu daí sem ganhar nada e ainda é bem-visto? Dou valor é ao Queiroz, que ganhou dois títulos mundiais com os juniores. E também ao Humberto Coelho. Bolas, com ele, ganhávamos a dar espectáculo. Mas alguém duvida de que o Euro-00 foi o expoente máximo da geração de ouro? Alguém duvida? Não brinquem comigo!
Com Scolari...
Estive nove meses, mas a primeira reunião dos capitães - eu, Couto, Figo e Rui Costa - foi suficiente para o entender. Chamou-nos à parte e disse-nos que estava ali para treinar a selecção e dar o salto para um grande europeu. Mas estamos a brincar ou quê? Mas que é isto? Um homem na selecção, que deve ser um privilégio, o maior privilégio, e ele só pensava em sair para um grande da Europa. Mas brincamos ou quê? Falava em seriedade e disciplina. Aliás, afastou carismáticos, como Baía e João Pinto, com base na disciplina. Isso é tudo muito bonito, mas ele não aplicava a regra. Nos almoços da selecção, a mesa dos jogadores é sempre maior que a dos treinadores, porque há mais jogadores que treinadores. Com o Scolari, não! A nossa tinha 18/20 pessoas. A dele era maior. Mas estamos a brincar? Mas estamos onde? Ele levava os amigos brasileiros, os amiguinhos da Nike. Sim, porque ele é patrocinado pela Nike e entre um jogador da Nike e um da Adidas, escolhia sempre o da Nike. Mas depois, lá vinha com a lengalenga da disciplina. Então mas eu, que nasci em Coimbra, em Portugal, deixo-me ficar? Numa situação destas, deixo de agir? Mas estamos onde, pá? Que é isto? Ele ganhou o quê? Foi a uma final em casa e perdeu-a [Euro-04]. Mas há mais.
Quem?
O Dr. Merdaíl. Disse Merdaíl? Enganei--me. É Madaíl, Madaíl. Depois do fiasco do Mundial-02 [Portugal eliminado na fase de grupos por EUA e Coreia do Sul], escondeu-se atrás de uma carcaça, atrás de um campeão do mundo [o Brasil venceu esse Mundial-02, com Scolari a seleccionador]. Isso é atirar areia para os olhos dos outros. Desculpe lá, mas apetece-me partir a loiça toda. Nasci aí, em Portugal, e não aceito que arruínem o nosso futebol.

terça-feira, maio 12, 2009

Os bons e os Maus

Mário Crespo:
Já há mais jornalistas a contas com a justiça por causa do Freeport do que houve acusados por causa da queda da ponte de Entre-os-Rios. Isto diz muito sobre a escala de valores de quem nos governa.

Chegar aos 35 anos do 25 de Abril com nove jornalistas processados por notícias ou comentários com que o Chefe do Governo não concorda é um péssimo sinal.
O Primeiro-ministro chegou ao absurdo de tentar processar um operador de câmara mostrando que, mais do que tudo, o objectivo deste frenesim litigante é intimidar todos os que trabalham na comunicação social independentemente das suas funções, para que não toquem na matéria proibida. Mas pode haver indícios ainda piores.
Se os processos contra jornalistas avançarem mais depressa do que as investigações do Freeport, a mensagem será muito clara. O Estado dá o sinal de que a suspeita de haver membros de um governo passíveis de serem corrompidos tem menos importância do que questões de forma referentes a notícias sobre graves indícios de corrupção.
Se isso acontecer é a prova de que o Estado, através do governo, foi capturado por uma filosofia ditatorial com métodos de condicionamento da opinião pública mais eficazes do que a censura no Estado Novo porque actua sob um disfarce de respeito pelas liberdades essenciais.

Não havendo legislação censória, está a tentar estabelecer-se uma clara distinção entre "bons" e "maus" órgãos de informação com advertências de que os "maus" serão punidos com inclemência.
O Primeiro-ministro, nas declarações que transmitiu na TV do Estado, fez isso clara e repetidamente. Pródigo em elogios ad hominem a quem não o critica, crucifica quem transmite notícias que lhe são adversas.
Estabeleceu, por exemplo, a diferença entre "bons jornalistas", os que ignoram o Freeport, e os "maus jornalistas" ou mesmo apenas só "os maus", os que o têm noticiado. Porque esses "maus" não são sequer jornalistas disse, quando num exercício de absurdo negou ter processado jornalistas e estar a litigar apenas contra os obreiros dos produtos informativos "travestidos" que o estavam a difamar. E foi num crescendo ameaçador que, na TV do Estado, o Chefe do Governo admoestou urbi et orbi que, por mais gritantes que sejam as dúvidas que persistem, colocar-lhe questões sobre o Freeport é "insultuoso", rematando com um ameaçador "Não é assim que me vencem".

Portanto, não estamos face a um processo de apuramento de verdade. Estamos face a um combate entre noticiadores e noticiado, com o noticiado arvorando as armas e o poder que julga ter, a vaticinar uma derrota humilhante e sofrida aos noticiadores.
Há um elemento que equivale a uma admissão de culpa do Primeiro-Ministro nas tentativas manipulatórias e de condicionamento brutal da opinião pública: a saída extemporânea de Fernanda Câncio de um painel fixo de debate na TVI sobre a actualidade nacional onde o Freeport tem sido discutido com saudável desassombro, apregoa a intolerância ao contraditório.

Assim, com uma intensa e pouco frequente combinação de arrogância, inabilidade e impreparação, com uma chuva de processos, o Primeiro Ministro do décimo sétimo governo constitucional fica indelevelmente colado à imagem da censura em Portugal, 35 anos depois de ela ter sido abolida no 25 de Abril.