sexta-feira, julho 09, 2004

O Bloco fabricado

É curioso observar o protagonismo e o mediatismo que o Bloco de Esquerda, tem tido na vida política portuguesa. Nascido da fusão de três pequenos partidos da extrema-esquerda, PSR, UDP e política XXI (antigo MDP/CDE), o bloco constituiu-se assim uma união destes três partidos com o objectivo de elegerem deputados, que de outra forma jamais o conseguiriam.
Através de uma estratégia de defesa das causas polémicas da sociedade portuguesa, que os outros partidos não defendiam ou defendiam em voz baixa, como a liberalização do uso de drogas leves, a criação de casas de chuto, o aborto, a eutanásia, direitos para os emigrantes, homossexuais, minorias étnicas, o bloco foi crescendo. Assim, tendo tido dos medias portugueses um protagonismo e uma cobertura jamais conseguida por nenhum outro partido ou movimento recém criado, o Bloco conseguiu eleger dois deputados nas primeiras eleições, três nas segundas e um euro deputado nas eleições europeias.
Este crescimento não tem feito bem ao bloco e aos seus dirigentes, que neste momento apesar da ridícula expressão parlamentar, tem resvalado para um radicalismo quase extremo das suas causas e ideias. No parlamento, liderado por Francisco Louçã, adoptaram um discurso bastante arrogante, com uma linguagem bastante agressiva na defesa das suas causas e na rua incentivando à agitação social, através manifestações cada vez mais radicais. No entanto esta crescente radicalizarão do Bloco, tende a ser visto pelos media e pelo meio intelectual de esquerda, como um saudosismo e revivalismo das grandes lutas antifascistas do passado, tendo por isso o seu apoio inequívoco. Veremos quais serão as consequências deste mediatismo do Bloco no futuro, mas adivinho que não serão nada boas para o país.

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